segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Drible: um recurso em extinção?

Em quase todas as modalidades de esporte, principalmente os coletivos, os atletas usam de artifícios para enganar seus adversários, seja com uma ginga de corpo, uma jogada de efeito, um faz-que-vai-mas-não-vai, enfim, qualquer lance que venha a ludibriar o adversário. No futebol isto é conhecido como drible. Não raro, eles recebem denominações que se perpetuam no tempo, tais como: drible da vaca, elástico, lambreta, banho de cuia, drible da foca, drible de corpo, e mais recentemente a pedalada. O jogador, que era considerado o gênio do drible, conhecido como “a alegria do povo“, que todo brasileiro reverencia até hoje chamava-se Garrinha. Ele era o terror das defesas adversárias, quando estava com a bola, fazendo os seus malabarismos, a torcida ia ao delírio. Por causa de suas proezas com a pelota ele até hoje é considerado por muitos melhor que o rei Pelé. Isto é uma questão discutível, o certo é que ambos foram campeões do mundo e eram exímios dribladores.
Infelizmente, para o mal de quem gosta do bom futebol, hoje em dia o drible vem sendo encarado como uma ofensa ao time adversário, sendo motivo de revolta por parte dos zagueiros e da torcida, que vê no habilidoso gesto uma espécie de provocação, uma afronta. O pior de tudo é que muitos árbitros estão punindo com cartão amarelo aquele que ousa enganar os beques, argumentando que o ato (de driblar) estaria incitando a violência. Será o fim do futebol arte? Ou o futebol-força, aquele que privilegia os defensores “pernas-de-pau” e os esquemas retranqueiros está enterrando aos poucos a magia do drible?
Prefiro acreditar que o espetáculo do povo, que é o futebol, esteja só passando por um período de transição, de ajustes, onde os técnicos modernos, de tanto estudar os esquemas táticos e ensaiar as jogadas vão acabar encontrando a solução para a sobrevivência do drible, caso contrário estaremos condenados a assistir a partidas sem brilho, totalmente burocráticas, respeitando em demasia às equipes adversárias.
Queremos a volta do futebol-show! Futebol-arte, sim senhor! Como aquele jogado pela nossa seleção na Copa de 82, tida como uma das melhores seleções de todos os tempos, pois nossos craques daquela época não eram medrosos, gostavam ir pra cima, de arriscar. Talvez por ter perdido o jogo para a fraca seleção italiana, que estava num dia de sorte, o mundo, porque não dizer o futebol, achou que era hora de aposentar o futebol-arte e praticar apenas aquele futebol que dá resultados, sem firulas e dribles, o futebol apático, que não emociona ninguém, pois o que importa é vencer. O que muitos treinadores não entendem e nunca vão entender é que um drible bem executado, uma jogada “atrevida” às vezes emociona muito mais que o ato de fazer um gol.

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